INVEJA

Fica fácil sentir-se grande quando está cercado de coisas pequenas, mas acontece que eu adoro hipérboles, superlativos e grandes espaços.

Queria dizer que sou intensa, mas na verdade intenso é o mundo sobre minha ótica, para mim não basta dizer que algo é bom, mas sim m-a-r-a-v-i-l-h-o-s-o, meu riso é estérico e meu choro desesperado.

Não gosto do morno, ameno, insípido...é como ver meu próprio reflexo.

Tenho inclusive por formação um mar de conhecimento com um poço de profundidade e o que eu queria era ter algo que me inspire, mas por hora minhas inspirações são as pessoas.

Me sinto como o passarinho no nariz do rinoceronte, porque  eu quero malhar com os fisiculturistas, cozinhar com os chefs, trabalhar com os CEO´s e estudar com  os gurus.

Nunca identifiquei isso como inveja, pois ao querer seus músculos, conhecimento e habilidades, alimentava a mola propulsora para conquistar meus pequenos feitos.

A inveja mostrou-se para mim, inicialmente através de outras pessoas, pessoas que precisam diminuir quem as rodeiam, diminuir seus próprios espaços para sentirem-se grandes, o problema é que quanto menor seus espaços, maior seus problemas lhe parecem.

Conheci também a inveja daquilo que te escapa, daquilo que não importa o esforço que faça, não poderá ter, aquilo que não depende de você e dessa eu tive medo.

Não que eu deseja mal, mas ao contrário do que disse no inicio do texto, me isolo, não quero contato, não quero saber, ver...eu evito.

E dentro da minha bolha, não há muito espaço para meu problema e ele passa a ser o centro do universo.

O que me resta é focar em qualquer outra coisa da qual eu seja mediana...isso graças as minhas inspirações que me tiraram do terreno da mediocridade...e tentar ser o melhor em algo...algo dentro do meu alcance.

Não quero mais ficar aqui, nesse espaço apertado, sentindo pena de mim.

* É sobre ser mãe...mas poderia ser sobre qualquer outra coisa, poderia ser sobre você...