Meus pais se separaram quando eu tinha 8 meses e não que esse seja motivo para falta de convivência, mas no meu caso foi e desde então meu vô desempenhou um papel espetacular na minha criação.
Nosso lance era meio transcendental, difícil descrever aqui, admiração sem limites, respeito mútuo, apreço, gratidão e jamais desapontamento.
Com quase uma década ele apresentava os primeiros sinas de Alzheimer e um aneurisma na aorta abdominal, cuja cirurgia reparadora teria somente 10% de chance de sucesso.
Sabíamos que esse seria o provável motivo do seu óbito e segundo os médicos ocorreria através de hemorragia interna, morte instantânea.
Após o diagnóstico de ambas doenças vivi intensamente cada segundo a seu lado, para não dizer desde sempre, acredito que ele não suportava mais meus muitos eu te amo, obrigada e apertos.
E essa história de amor está chegando ao fim, de maneira tão linda, tão sublime que só pode ser coisa divina.
Essa semana ele sentiu fortes dores abdominais, sentou na cama e disse minha hora chegou.
Foi levado ao hospital onde foi constatado que seu aneurisma estava "vazando" contrariando as estatísticas médicas ele não "explodiu" e culminou em morte instantânea.
Antes da cirurgia agradeceu e se despediu de todos e contrariando os 10% de sobrevivência resistiu bravamente.
Em coma, guerreiro como é, continua resistindo até que todos se despeçam, não para beneficio dele, que há tempos já tinha se desligado desse mundo, mas nosso.
Eu agradeço a Deus, por sua morte não ter sido instantânea e pelo privilegio de abraçá-lo, beijá-lo, dizer em seu ouvido o quanto foi amado e meu muito obrigada.
Uma hora dentro de uma UTI, debruçada sobre seu corpo, segurando suas mãos, sentindo seu calor "químico" e respiração artificial, por entre emaranhados de fios, foi o momento mais amoroso e romântico que eu poderia ter.
Com toda certeza você foi o grande amor da minha vida.
E mais uma vez meu Muito Obrigada! e que os céus o recebam com grande alegria.
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