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domingo, 30 de agosto de 2015

53 dias de paradas insuportáveis



Sinto um aperto no peito como se nunca mais eu vá respirar como antes.

Ficou meio confuso por aqui, com você tudo era colorido e com triha sonora, sem você é cinema mudo, preto e branco.

É um constante “estar debaixo d´agua” sinto falta de ter meus sentidos aguçados.

Você sempre foi aquela brisa nos meus dias de verão, o suspiro gostoso e relaxado de dever cumprido, sem você nada é confortável, sempre incomoda.

Sou capaz de descrever o toque no seu cabelo de algodão, na sua pele de papel, fininha como se pudesse rasgar a qualquer momento, tenho saudade dos seus dedinhos tortos pela artrose que segurava minhas mãos, mas sinto falta mesmo é da sua voz, doce, porém sem submissão.

Eu torço, eu quero acreditar que um dia vamos nos abraçar, meio de lado, sem jeito, pq seus trejeitos centenários eram assim.

53 dias do dia em que te abracei pela última vez, ontem sonhei contigo,  foi tão claro, tão nítido,  você já quase sem consciência, abriu os olhos para me ver pela última vez e eu chorei muito segurando suas mãos. Nosso adeus foi de quem já não estava ali, apesar de na sua mania de ser forte,  ter aguentado firme até se despedir de todos.

53 dias de paradas insuportáveis,  e a gente tenta seguir,  cada um a sua maneira,  tenho corrido, decorado a casa, brigado com a família toda, queria focar em algo, mas tudo é superficial demais pra mim,  não sinto que sejam grandes feitos,  de repente músculos e diplomas, parecem tão patéticos,  tenho preguiça social e dificuldade em conquistar espaço com quem realmente queira dividir pensamentos.

Eu tento me centrar,  percebo que hoje o que realmente importa é ser alguém melhor,  não porque seja boa,  mas porque o que me separa de alguém ruim é uma linha tênue de consideração permeada de afazeres ridículos intitulados "seja fitness" "seja cult" "seja boa esposa" "seja boa profissional" é uma necessidade constante de representação,  pois a definição de "boa" é de acordo com a conveniência do outro e tentar agradar a todos é digno de um Óscar, estatueta essa que não estou nem um pouco a fim de ganhar.

E o que temos pra hoje???? Uma angústia nova, permeada por dúvidas e um vazio existencial que não foi causado pela sua perda, mas deflagado por ela.








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